Portugueses e portuguesas,
Nesta quadra natalícia evocamos a vinda de Cristo e a sua mensagem que determinou a nossa cultura e forma de estar na vida ao longo de 2 mil anos.
Porém muitos de nós limitamo-nos a repetir e celebrar, ano após ano este nascimento sem nos determos na sua importante mensagem.
Em primeiro lugar ela, evoca a vinda de um ser que sendo filho de Deus, aliás como todos nós e todas as criaturas da Terra, veio no entanto com uma missão maior que tinha como objectivo o despertar das consciências.
Naquele tempo tal como agora, o Mundo estava corrompido pela ambição de poder e dinheiro de certas classes dominantes, o que nos leva a perceber que a humanidade ao longo destes 2 mil anos, pouco aprendeu e menos praticou da mensagem que nos foi dada pelo Nazareno. E por isso o crucificaram!
O povo era mantido na ignorância para assim ser mais facilmente escravizado e manipulado.
A diferença é que naquele tempo os humanos eram poucos, os recursos mais ou menos ilimitados. Porém hoje a realidade é outra e a estrutura de poder que vem desde aqueles tempos com a mesma mentalidade e ambições de poder e dinheiro torna-se hoje uma ameaça ao bem-estar dos povos e à própria sobrevivência da humanidade.
Estamos num momento em que nos encontramos numa encruzilhada, por um lado temos as estruturas de poder desfasadas da realidade e das necessidades dos povos a fazerem tudo o que podem para manter e garantir a manutenção desse poder, recorrendo a todos os meios ao seu alcance duma forma encapotada mas determinada que faria os esclavagistas corarem de ingenuidade.
Usando as modernas tecnologias de controlo, a vida dos cidadãos está a ser vigiada, condicionada e controlada de uma forma sem precedentes. E caminhamos a passos largos para uma escravatura como a humanidade nunca conheceu. Consumir e obedecer é tudo o que os políticos e as elites industriais esperam e querem do povo. Destroem-se as referências culturais, os valores familiares e pátrios em troca duma falsa felicidade exterior. Deixar de Ser, para ter. E agora já nem isso deixámos de ser e de ter!
Por oposição a esta onda negra e nefasta o Mundo está a despertar para uma nova consciência onde as pessoas que compreendem a loucura a que os tecnocratas nos querem conduzir, voltam-se para o exemplo da simplicidade e reencontro com a mãe Natureza, tal qual Cristo nos veio ensinar à 2 mil anos atrás.
Por cada pessoa que desperta na consciência cristica de reencontro com a natureza, ou seja fazer o bem, praticar a entre ajuda, respeitar a natureza, não se deixar intimidar perante as adversidades, acende-se uma vela radiante que faz recuar as forças do egoísmo e da escuridão que tem governado o mundo.
È pois muito importante atender ao dia de Natal, não dando demasiada importância à parte material, simbolizada pela troca de oferendas, mas realçar e enaltecer toda a parte espiritual dos reencontros, das amizades da entre ajuda, da cooperação e acima de tudo do Amor a si mesmo e aos próximos.
É através da geração de uma onda de calor humano, de solidariedade e respeito pela Natureza que vamos encontrar e descobrir a forma de nos libertar-mos da escravatura que os tecnocratas nos querem impor.
O filho de Deus não nasceu em berço de oiro, num belo palácio, mas naquela gruta que simbolicamente representa o ventre da terra mãe, numa cama de palha de trigo simbolizando a agricultura rodeado dos animais que são o símbolo da riqueza agro pastoril. Toda esta simbologia nos impele para aquela verdade que é e sempre será a única, toda a nossa felicidade e abundância vem da mãe Terra e duma interacção harmoniosa com a natureza.
Seja pois este Natal um momento de reflexão, para que cada um de nós descubra as formas de reencontrar o caminho da Natureza, das coisas simples e boas da Vida, da amizade entre irmãos, Um momento para pensar e reflectir sobre a forma de nos libertarmos da escravidão dos tecnocratas e podermos viver a Vida, em paz, harmonia e felicidade.
D. Rosário XXII duque de Bragança